terça-feira, 27 de março de 2007
Sonho de moderno nº1 - Espera-me Morrisey!

O taxi era espacioso, mais do habitual. Na minha cidade os taxis tinham o tamanho normal de qualquer coche. Bom, se entravas no especial pra impedidos nom, aquilo parecia umha lançadeira espacial. Mas este era um taxi anormalmente grande. Tratava de ver a cara do condutor mentres olhava de esguelho a inmensa campinha verde que nos rodeava polos quatro pontos cardináis. A comida estava a piques de desandar seu caminho desde o meu estómago. O coche andava a saltos como se estivesse subido num touro mecánico. Aquel taxista filho da... Que demo fazia naquela frenética carreira campo a través? Eu tratava de falar-lhe mas ele parecia nom entender meu idioma. Botei a cabeça por fora da janela pra me fazer umha ideia do que caralho estava ocorrendo. Só olhava campos e mais campos e ao longe uns invernadouros de plástico branco. Semelhava ser aquel nosso destino, ou isso ou espetar-nos contra o infinito. Escuitava-se música ao longe, algo pseudo metaleiro. Foi entom quando comecei a recordar qué demo fazia alí. Estava caminho do Festival de Reading!! Comecei a berrar-lhe ao cab driver no meu aborto de inglês: Stop the car, motherfucker! era todo o que se me ocorria naquel instante. Missom impossível, o tipo nom atendia a raçons. As distorsons guitarreiras unidas à dor de cabeça que tinha depois de bater repetidas vezes contra o teito do carro, convertiam aquel instante numha broma macabra do destino. O ruido era insuportável no mesmo momento em que o taxi freou a porta abriu-se deixando-me cair no meio dum lameiro rodeado de porcos. No invernadoiro havia um enorme cenario e alí os Korn gritavam-lhe ao mundo palavras que eu quase nom entendia. Aquilo nom podia ser Reading, onde estava Morrisey? Miles de cochos moviam seus lacons num pogo irrefreável. Salpicavam na lama às camareiras loiras que repartiam cerveja gratis entre o estrume. Tratei de perguntar-lhe à primeira que se acercou a mim onde estava o tipo aquel que cantara nos Smiths. Ela sem olhar pra mim sinalou onde o taxi e mecánicamente tirou-me um caldeiro de cerveja na cara. Eu nom sabia se acordar-me da sua mae ou mata-la sem duvidá-lo. Já quase estava decidido pola segunda opçom quando a porta do taxi abriu-se e a inconfundível cabeça de Morrisey assomou sorrinte, chiscou-me um olho e desapareceu na traseira do veículo. O coche arrincou sem pausa botando barro nas cabeças dos porcos menos resistentes na dança frenética ao ritmo do Twisted Transistor. Eu tratava de abrir-me caminho na marabunta, era impossível. Meu corpo arrolava na lama e aquila cançom obssesiva resoava nos fucinhos da chacinaria: "Music do! Music do!" Aquele invernadouro estava ateigado de bestas e as únicas ervas que ali cresciam eram as que ardiam nos cigarros dos cochos. Foçando, foçando a noite tomou o ceu e o taxi ficou num loop de movimento infinito com a olhada fachendosa do Morrisey que, indo e vindo, sorria dum branco imaculado. "Music do! Music do!". Bem te podes rir. Outro ano mais sem ouvi-lo cantar. Nom volvo a pisar um festival de verão NUNCA MAIS!
 
postado por Anónimo ás 13:28 | Permalink |


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